terça-feira, 6 de maio de 2014

As Provas dos Portais Espirituais

As Provas dos Portais Espirituais

Mensagem por ocasião da celebração do Samhain de 2014


Em diversas mensagens e citações espirituais e esotéricas se encontram informações sobre a existência de portais que facilitam o acesso ou passagem para outros planos e níveis de consciência. Mas, raramente é percebido que para se atravessar estes portais é necessário um mérito especial ou mesmo que todo portal abriga provas que devem ser superadas para que o acesso a outros planos e níveis de consciência seja franqueado.



Um portal espiritual é um local onde as distâncias entre dimensões e planos espirituais se encontram muito reduzidas se comparadas com o restante. Estes locais “funcionam” ou têm função semelhante a verdadeiras fronteiras onde existem exigências para que se possa transpô-los. Assim como ocorre na vida comum esta “fronteira” além das exigências “legais” para serem transpostas têm os representantes “legais” de ambos os lados. No plano físico existe a exigência documentos, comprovantes, etc., porém para o plano espiritual não é bem assim. Isso porque no plano físico a transposição é de uma delimitação física para outra delimitação física e esta transposição é de limites definidos pelos homens comuns e, portanto, segue os trâmites e leis dos homens comuns.



A transposição de um portal espiritual é a passagem de um plano ou mundo para outro e a natureza de suas “leis” é então espiritual. “Aparentemente” o portal está lá fisicamente e “aberto” para que todos possam realizar a passagem. Mas, existem requisitos ou exigências de condição mínima de qualificação espiritual para que esta passagem possa ocorrer.

Cada portal tem suas próprias características e exigências espirituais, pois isso depende da natureza do mundo para o qual a passagem existe. Porém independente da especificidade dos mundos próximos uma coisa é comum: o fato da existência da exigência de comprovação de qualificação, mérito, capacitação, maturidade e preparo para se realizar a travessia. De nada adiantam documentos de papel ou plástico emitidos por sociedades esotéricas, graus, medalhas e honrarias físicas e humanas. Mas, se estas exigências não são de natureza documental como são?



Iniciaticamente sabe-se que nada nem ninguém podem atestar a capacidade de outrem para a transposição dos portais. Quem franqueia a passagem é o próprio interessado e somente ele, ninguém mais. Mas, como isso ocorre?

Quando o ousado aventureiro espiritual se aproxima do portal ele fica exposto a duras provas que testarão sua vontade, determinação, preparo, consciência, valor, mérito e objetivo quanto ao universo existente no outro lado. Estes testes ou provas não são de natureza intelectual, teóricos ou que possam ser burlados. Não! São testes de natureza interna, psíquica.



Os primeiros níveis dos testes ou provas existentes nos portais conferem nossa condição emocional, testando vícios, dependências, medos, inseguranças, exageros, preconceitos e equilíbrio emocional. Estas provas ocorrem naturalmente, na vida cotidiana e em eventos comuns nos quais a pessoa é exposta a situações de facilidade de acesso e uso de drogas, bebidas, prazeres, diversão, etc. que podem desviá-la caso não haja convicção. Também podem ser apresentados na forma de uma grande quantidade de coisas que lhe são desejáveis para posse ou mesmo como homenagens e elogios demasiados. Outras vezes podem ocorrer na forma de uma impositiva, inescapável e agressiva obrigação de autoconhecimento ou confissão de falhas e limitações próprias.

Caso o imprudente não tenha controle de suas emoções, domínio sobre suas fraquezas e suficiente conhecimento de si mesmo ele certamente ficará preso ou mesmo fugirá aterrorizado das provas a que foi submetido. No caso de fuga, ao invés de ver seres responsáveis pela segurança do portal ele verá verdadeiros monstros que cercam o local e no mínimo este temerário imaginará que errou de local ou que ali não existe portal algum. Estes “monstros” podem até mesmo serem pessoas comuns sendo usados inconscientemente por consciências superiores e não terem a mínima noção disso, mas que acabam por cumprir uma missão muito importante. É muito provável que estes empecilhos pertençam ao mesmo plano e realidade do temerário imprudente, representando as principais mazelas de sua sociedade e de vibração e consciência mais baixas possíveis. Ou seja, as provas nada mais são do que a confrontação das próprias vicissitudes projetadas externamente. Certamente o contato inevitável com estes “monstros” forçará o ousado desafiante das provas a resistir heroicamente a se entregar às suas fragilidades e ao mesmo tempo, além disso, se elevar ainda mais acima delas. Sendo assim, permanecendo “puro e limpo” no meio dos vícios e vaidades, ele promoverá um verdadeiro contraste inequívoco e evidente que separará “o joio do trigo”, como diz a passagem bíblica. Desta forma ele se destacará dos demais que se submeteram e não sobrepujaram as provas e será então identificado e reconhecido pelos agentes espirituais que guardam o portal.



Caso o audacioso aventureiro se mostre acima dos vícios, preconceitos, medos, inseguranças, dogmas e até mesmo de arrogância ou presunção então ele será submetido a uma segunda bateria de provas. Ele será testado em seus conhecimentos práticos, em sua sabedoria e compreensão dos mistérios que pretende transpor. Afinal, para poder merecer chegar ao outro lado onde reinam aqueles mistérios ele deve provar que tem o mínimo de maestria e conhecimento sobre o mesmo. Caso contrário, seria o mesmo que uma pessoa querer ir para Timbuktu sem saber nada do país, não ter onde se hospedar, não falar a língua deles ou mesmo saber como pedir para usar o banheiro. Ou seja, a pessoa deve ter claramente o que pretende, como conseguir, aonde ir e estar pelo menos no nível mais elementar de conhecimento, vibração e princípios de onde pretende chegar. Espiritualmente então o valente aventureiro ouvirá o questionamento “Quem é você, o que pretende, porque ousa acreditar que tem méritos para transpor este portal?”. Sua resposta deve ser na forma de atitude, sentimentos e pensamentos elevados e ações concretas que simbolizem suas verdades interiores.

Finalmente então, se aprovado na segunda etapa de suas provas, o peregrino espiritual é conduzido à presença do agente espiritualmente responsável pela autorização da transposição do portal. Este ser conferirá as credenciais espirituais do peregrino para confirmar ou não se a passagem esperada está conforme as Leis Espirituais. Então, com os poderes espirituais que lhe são conferidos este ser como agente das Leis Cósmicas Universais ele finalmente franqueia ou não a passagem pelo portal.

Com este ensinamento podemos compreender porque uma minoria consegue identificar os portais espirituais. Além disso, podemos compreender o fato de que em torno destes portais existem muitas das ditas “tentações” ou mesmo situações “apavorantes” para a grande maioria das pessoas que ficam ou fascinadas por elas ou nunca mais querem voltar àqueles locais. Também entendemos que mesmo vencendo a primeira etapa psíquica das provas dos portais é possível que o peregrino não avance adiante de imediato e que precise se preparar melhor para que isso seja possível. Então, neste caso, a tendência é que ele fique por ali, aprendendo com os demais presentes no portal (de passagem ou fixos) até que descubra o que precisa aprender, realizar o aprendizado e conquistar sua qualificação para realizar a passagem do portal.

É possível que uma vez transposto o portal espiritual o iniciado naqueles mistérios não necessite mais retornar ao “local portal”, pois se houver necessidade de seu retorno àquela realidade divina ele pode receber um tipo de “passe” que facilite seu acesso a partir de qualquer outro lugar, até porque ele já “conhece o caminho”.

Deste ensinamento podemos concluir que não devemos decidir sobre os conceitos dos ditos portais apenas baseados nas opiniões alheias, mas que se faz necessário nossa própria experiência quanto a ele. Por outro lado, o insucesso alheio ou mesmo nosso próprio pode ser apenas circunstancial e temporário, dependendo apenas de vontade, determinação e o devido preparo para seja satisfatoriamente modificado em sucesso.

Finalizando, aprendemos também que devemos estar cientes das características de um portal e saber muito bem se realmente queremos para lá nos dirigir porque sempre haverá riscos. Se a pessoa fugir apavorada por não ter superado as primeiras provas ela poderá bloquear para sempre aquela passagem espiritual para si mesma. E, se ao contrário, ela ficar fascinada e seduzida pela inconsciência que circunda e protege o portal esta pessoa pode ficar presa e escravizada para sempre naquele local, transformando-se e outro agente de prova para os incautos aventureiros que para lá forem.

Um mestre já ensinou que “Os tronos dos deuses é feito de monstros”. Quem tem medo de monstros não deve colocar os pés no caminho da iniciação e da verdadeira espiritualidade. Até porque os únicos monstros que realmente existem são aqueles que criamos e mantemos vivos dentro de nós mesmos.


Hierofante

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